Com a consolidação do programa Mais Médicos do governo federal, surgiu uma polêmica sobre a falta ou não de médicos no País.
Dados do IBGE para 2009, no entanto, são claros. Mostram que existiriam apenas 1,84 médicos por mil habitantes no Brasil, sendo que os vizinhos Uruguai (3,7) e Argentina (3,2) apresentam bastante mais médicos por habitante.
Ao observarmos os dados por Unidades da Federação (UF), vemos ainda grandes desigualdades na distribuição desses profissionais. As disparidades aumentam se consideramos regiões rurais em relação a centros urbanos dentro de cada estado, por exemplo.
Tais números mostram o acerto do programa Mais Médicos. Mas, para além das comparações internacionais, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) buscou mensurar a carência destes profissionais e analisou três indicadores, que comprovariam uma escassez desse profissional no Brasil:
– Ao comparar o rendimento hora médio das ocupações de médicos com ocupações de profissionais de semelhante nível socioeconômico, observa-se que a média da remuneração/hora das ocupações para médicos é superior às médias de rendimento hora para as outras ocupações: entre 1,5 e 1,7 vezes a hora trabalhada de engenheiros, profissionais da área jurídica e dentistas; 3 vezes a hora trabalhada de enfermeiros. Além disto, o rendimento médio por hora trabalhada de médicos cresceu entre 2002 e 2009;
– Quando somadas as cargas horárias efetuadas, a dos médicos é maior que das outras ocupações de semelhante nível socioeconômico (profissionais do direito e engenharias), além de crescente, o que pode ser interpretado como indício de grande demanda por esse profissional;
– Ao se fazer a análise do número de inscritos em processos seletivos para cursos de graduação em relação às vagas ofertadas, observa-se uma distância significativa entre a medicina (de 23,7 inscritos por vaga (2009) para 48,2 (2012)) e os outros cursos analisados (menos de 10 candidatos por vaga). Segundo o estudo, a oferta de vagas em cursos de medicina aumentou 49,1% entre 2001 e 2012, ao passo que a demanda cresceu 200%, o que indica demanda muito acima da oferta por essa profissão. Ainda assim, o número de concluintes de medicina mais que dobrou no período.
Para aumentar a razão de médicos por habitantes no País, é necessário continuar investindo na ampliação de vagas de medicina nas universidades e ampliar a formação de profissionais em especialidades consideradas prioritárias, tais como clínica médica, cirurgia, ginecologia/obstetrícia, pediatria e medicina de família e comunidade.
Ambas as medidas estão previstas no Programa Mais Médicos: ampliar em 11.500 vagas em cursos de graduação em medicina até 2017 e, para a residência médica, serão criadas 12 mil vagas até 2020, com enfoque regional e nas especialidades prioritárias.
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