Conteúdo especial do projeto do Brasil Debate e SindipetroNF Diálogo Petroleiro
No artigo “Dívida da Petrobras: Venda de Ativos Não É A Única Solução” (leia a íntegra aqui), José Sergio Gabrielli de Azevedo mostra o panorama e as perspectivas atuais da empresa. Segundo ele, a Petrobras vive um grande desafio financeiro de curto prazo, com quase 18% de sua dívida de mais de R$ 500 bilhões vencendo neste e no próximo ano.
A Petrobras, no entanto, apresenta uma situação bastante positiva na comparação com grandes petroleiras do mundo, pois conta com um portfólio de novas áreas produtoras extremamente competitivas, como o Pré-Sal, em que o custo de extração é de US$ 8 por barril, os projetos já estão em andamento e as perspectivas de crescimento no curto prazo são muito positivas.
O autor aponta que duas variáveis fora do controle da empresa são fundamentais para o seu futuro financeiro: a taxa de câmbio e o preço do petróleo. Por exemplo, entre os nove primeiros meses de 2015 e 2014, o Brent caiu de US$ 106,6 para US$55,4, numa queda de 48%, mas, em Reais, seu preço somente caiu 29% devido à depreciação da moeda nacional que ocorreu no mesmo período.
Segundo o autor, a queda dos preços do petróleo tem um impacto difuso sobre os resultados da Petrobras, devido à importância das receitas provenientes do mercado doméstico de derivados, principal destino da produção da empresa, diferente de muitas petroleiras que têm na exportação seu principal mercado e têm uma menor integração downstream/upstream.
No entanto, os dados do endividamento da Petrobras entre o segundo e terceiro trimestres de 2015 mostraram uma grande deterioração, principalmente em decorrência da variação do câmbio. Frente a esta pressão, o novo Plano de Negócios e Gestão PNG da Petrobras 2015-2019 tem como maior desafio de médio prazo a gestão da dívida.
Para fazer frente às suas necessidades de financiamento, a Petrobras indica que escolherá como principal instrumento um programa de desinvestimento gigantesco: fazem parte deste pacote de desinvestimento a venda de ativos ou de participações na BR Distribuidora, Transpetro, Gaspetro, empresas de gasodutos, na petroquímica, biocombustíveis e fertilizantes e ativos internacionais, além de campos em produção em terra e no Pós-Sal.
No entanto, este é um momento de super oferta de ativos petroleiros no mundo e, dada a situação do mercado mundial de M&A de petróleo e gás, as transações estão sendo muito difíceis, pela discrepância das avaliações entre vendedores e compradores, com uma grande possibilidade de perda de valor para aquelas empresas que são obrigadas a se desfazer de seus ativos por razões de financiamento de curto prazo.
Além de um grande volume de ativos de empresas petrolíferas colocados à venda, as expectativas sobre os preços futuros do petróleo introduzem muitas incertezas sobre os processos de fusões e aquisições.
Nestas circunstâncias, é muito difícil implementar um plano de grande volume de desinvestimento, segundo o autor, sem depreciar o valor dos ativos da empresa que vende. Algumas operações podem ter sucesso, mas não pode ser o centro da estratégia de longo prazo.
Não se pode perder as vantagens competitivas do sistema integrado da Petrobras em troca da geração de caixa de curto prazo, depreciando o valor dos ativos no momento da venda e perdendo capacidade produtiva para os momentos de recuperação do ciclo de preços, desperdiçando a oportunidade de explorar o excelente portfólio de recursos hoje disponível para a empresa.
O autor complementa que a “venda de ações, neste momento em que o seu valor é muito menor do que os fundamentos da companhia recomendariam, seria entregar ao mercado a empresa a preços da bacia das almas”.
Enfim, conclui que, apesar do tamanho total da dívida, a situação financeira da Petrobras pode ser superada, abrindo caminho para a retomada dos investimentos indispensáveis para a expansão da produção.
Crédito da foto da página inicial: Divulgação/Petrobras
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