‘É um erro confundir a insatisfação com Dilma com apoio a sua saída’

Publicado em El País em 10-8-2015

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Renato Meirelles, presidente do Data Popular / F.CAVALCANTI (FC)

Em entrevista à jornalista Carla Jiménez, Renato Meirelles, da empresa de pesquisa Data Popular, especializada no comportamento da chamada Classe C – os 66% da população que vivem com pouco mais de R$ 2000,00 mensais – faz a sua avaliação do atual cenário político e econômico do país. Segundo ele, há um jogo de lideranças nebuloso, com um Governo e uma oposição que não conseguem apresentar perspectivas de futuro.

Sobre o impeachment, Meirelles arrisca: “A decisão do futuro do país está na mão de uma briga de torcida e o brasileiro percebe isso. Não se pode colocar a estabilidade do país abaixo do interesse político. Ainda que as pessoas estejam insatisfeitas com o Governo elas se perguntam qual é o real interesse de um impeachment. É um erro confundir quem está insatisfeito com o Governo com apoio à saída da Dilma.”

Para Meirelles, a classe política não entendeu o recado das manifestações de 2013 e são essas as manifestações que o povo lembra quando perguntado, não as manifestações anti-Dilma. Sobre junho de 2013, o principal recado foi “a classe política não me representa”.

“Isso já refletia uma ausência de perspectiva. Isso parte de um entendimento de que o Lula, depois de anos e anos foi o primeiro político que conseguiu gerar identidade do povo”, afirma, e continua: “2013 estourou e nenhum partido político fez um conjunto de ações para trazer essas pessoas a voltarem a gostar da política organizada. Para mostrar que o Estado estava a serviço do cidadão. Na prática, isso foi o que levou ao Fla-Flu político. Ninguém acredita que os políticos que apoiam o impeachment da presidente Dilma o querem para melhorar a vida do povo.”

O Governo, segundo ele, avaliou mal ao achar que o fato de a última passeata (em abril) ter tido menos gente significa que o impeachment perdeu força. “Por que estamos voltando com isso agora? Porque além da Lava Jato ter ganhado novas proporções, do ponto de vista da comunicação com a opinião pública o Governo não fez nada para explicar, por exemplo, o ajuste fiscal e a crise econômica. (…) isso deixou uma sensação de que as coisas estavam resolvidas para o Governo. E não estavam, como não estão resolvidas desde 2013. Pensar no que levou as pessoas a reelegerem este Governo é fundamental pra entender o que a população quer e acredita. E o Governo tinha que ter aprendido. Por outro lado, a oposição tinha que refletir em como ela conseguiu perder uma eleição em que 71% queriam mudança. O que também não é uma coisa trivial…”

Leia a íntegra da entrevista AQUI.

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