Por Pedro Rossi
Essa é uma FALSA questão, conveniente para o discurso pró-austeridade.
Dizem que quanto mais o governo gastar maior será a conta a pagar, mas, se o governo não gastar e a economia desabar, a tal “conta” aumenta.
A despesa de hoje não precisa virar impostos amanhã. A dívida não precisa ser reduzida, ela pode ser rolada. Praticamente todos os países do sistema vão conviver com dívidas públicas mais altas. Esse será um “novo normal”.
A dívida pública é ativo do setor privado, gasto público é receita e o déficit público é superávit do setor privado. Ao gastar, o governo aumenta renda do setor privado e realoca recursos. Ao se endividar, o governo pega $ de quem tem riqueza sobrando e entrega uma dívida.
A trajetória da relação dívida pública/PIB pode ser estabilizada, não com cortes de gastos e aumento da carga tributária, mas com crescimento econômico. O problema a ser enfrentado não será o patamar da dívida, mas os serviços da dívida (juros) pagos por ela.
Portanto, não existe uma “conta do coronavírus” a ser paga.
A questão relevante não é como pagar a conta depois, mas como os gastos públicos e os impostos vão impactar na desigualdade social, na garantia de direitos e na eficiência do sistema.
Desemprego em massa é desperdício de recursos sociais, além da violação do direito humano ao trabalho. Uma política anticíclica que reduz desemprego pode ser eficiente, além de socialmente justa.
Idem para o gasto público em saúde, educação, moradia, saneamento etc.
Por fim, a volta para austeridade fiscal para pagar uma suposta conta da crise seria um desastre. A crise vai deixar um rastro de endividamento, desemprego, miséria, carências sociais…
Vamos precisar derrubar o teto de gastos junto com os velhos dogmas.
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